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Capa da publicação
Capa da publicação

Na próxima sexta-feira (19), às 10 horas, na Casa do Lago, haverá o lançamento do livro Povos Originários do Brasil: Sentidos da crise humanitária dos Yanomami, da Editora Pontes. A obra, produzida por alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, tem como proposta resgatar a trajetória desse que é um dos povos originários do Brasil.

Segundo os organizadores da publicação, Graça Caldas, Fabiano Ormaneze e Margarethe Born, “o retrato traçado no livro representa um esforço de (re)construção da trajetória, realidade e representação dos povos originários que possibilita reflexões sobre os sentidos múltiplos que provocam no imaginário popular”.

Como gesto significativo, o livro, de autoria de participantes da disciplina Linguagem, Jornalismo, Ciência e Tecnologia, será lançado no Dia dos Povos Indígenas. Durante o evento, será realizada uma roda de conversa com os organizadores da obra, alunos autores, autores convidados e alunos indígenas da Unicamp que deram entrevistas para diferentes capítulos. A ideia é promover um bate-papo sobre a realidade, as conquistas e a saga dos Yanomami.

Confira a seguir a entrevista realizada com Caldas, pesquisadora e docente do Labjor, sobre aspectos e os desafios da produção dessa obra.

Graça Caldas
Graça Caldas

Agenda de Eventos – A senhora poderia detalhar um pouco mais como se deu o processo de escolha do tema abordado no livro?

Graça Caldas – Quando eu comecei a dar a disciplina, no primeiro semestre do ano passado, a temática dos Yanomamis, que nunca saiu do cenário popular, das preocupações governamentais, estava adormecida. Ela voltou a virar manchete, nacional e internacional, com a visita do Lula [presidente Luiz Inácio Lula da Silva] a Roraima, em janeiro do ano passado. Então, eu pensei, como jornalistas que somos, de fazer um trabalho a esse respeito. E, pela minha experiência anterior, achei importante lançar um desafio para os alunos a fim de fazermos um trabalho coletivo, uma construção coletiva pautada pelo cenário então enfrentado pelos Yanomami. O tema surgiu porque é algo do cotidiano. O mundo está mudando, o mundo está em transformação e o indígena faz parte da sociedade. Nada melhor do que a gente tentar fazer um livro com alunos, com a visão de alunos de diferentes áreas do conhecimento e a visão dos professores para tentar reconstruir. Obviamente que não se trata de uma visão completa, mas de uma percepção nossa sobre a identidade e o papel do indígena na sociedade.

Agenda de Eventos – Quais os principais desafios enfrentados na elaboração do livro e como aconteceu o trabalho de reportagem das equipes?

Graça Caldas – No primeiro dia de aula, eu e os dois outros organizadores apresentamos a proposta do livro. Os alunos ficaram um pouco assustados, mas eu falei que estávamos ali para aprender. A construção do conhecimento é uma troca. Os alunos, então, ficaram animados. Como a disciplina tem quatro horas por aula, ministramos, na primeira parte da aula, o conteúdo teórico, com a leitura de textos. Depois, tratamos dos vários aspectos do livro. Ninguém acreditava que o livro fosse sair. Isso foi algo trabalhoso. Mas, no final das contas, eu, o Fabiano e a Margarethe ficamos muito animados porque vimos não só o trabalho, mas o suor e a dedicação, maior ou menor, de todos os alunos. E, com o convite que nós fizemos para outros colegas e para os indígenas, a obra acabou saindo. A gente acha que o livro ficou saboroso.

Agenda de Eventos – Qual foi o tempo necessário para a produção do material até a sua efetiva publicação?

Graça Caldas – Precisamos de aproximadamente um ano. Nossa ambição é depois fazer o livro em formato de e-book, para que possa circular mais, como no caso do livro sobre o desastre em Mariana, para que ele possa chegar a todas as pessoas que tiverem interesse. Há muitos livros sobre os Yanomamis, mas nós talvez sejamos os pioneiros em um projeto de construção coletiva [de um livro sobre o assunto] com alunos. Acho o resultado maravilhoso. Os alunos agora estão empolgados, e o resultado ficou muito legal.

Agenda de Eventos – Você gostaria de destacar mais alguma coisa?

Graça Caldas – A capa do livro. Como eu estava falando, eu achei-a linda. A editora propôs cinco capas, e escolhemos um grafismo. Por meio do grafismo, você dilui um pouco essa visão estereotipada sobre o indígena. Essas imagens dos indígenas, que foram mostradas ad infinitum na mídia nacional e internacional, dos indígenas esquálidos, das crianças muito magras, desnutridas. Então a gente quis passar uma imagem da realidade, dos problemas, mas também queríamos passar uma imagem dos indígenas como parte da nossa realidade.

Mais detalhes sobre o livro podem ser obtidos por meio do email gcaldas@unicamp.br ou pelo telefone (19) 99601-1389.
Antonio Marinheiro (estagiário SEC)

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